It is the poem Agreste Mulher by João Araújo, recited by Aldemar Paiva and with the musical arrangement of the guitarist Henrique Annes.
AGRESTE MULHER
Texto: João Araújo
Voz: Aldemar Paiva
Violão: Henrique Annes
Agreste chão, nasce a poeira...
O graveto seco, antes esverdeado
E molhado da seiva vinda da terra
Agora é dor solitária em mormaço...
Agreste solo é cenário roxo
Do barro pisado pela menina-azulão...
A força assaz de uma onça escarlate
Pintando calor e suando afobada...
Agreste assanhada dança da fêmea
Na cidade pequena demais para ela...
A réstia exalada de uma lua amarela,
Montada na Terra, rodopiando forró...
Agreste cigana sobre a rústica pedra,
Que guarda ligeira um pouco de Sol,
Derramando o sumo doce da fruta
Imantada na mente do homem perdido...
Agreste cupido, matuto sem razão,
Tocando a zabumba do peito aflito
E escutando o triângulo da vida noturna,
Virada na densa quentura do lençol...
Agreste caatinga, o cio da moça
Tomou os ares laçando o tempo,
Mandacaru imenso lutando inútil,
E sendo abafado pela jovem mulher.
Agreste espírito confuso da dama,
Que dança na serra, assim, desvairada,
Onde antes já fora dona de olhares
Ébrios e loucos, sem tino e cuidados...
Agreste felina: dinâmica agonia...
Morena feita de aroma e seresta,
Boêmia vermelha de carne e de sonho,
Cravando na noite sua existência singela...
Agreste terra, a garota ardente
Se espalha no açude vazio da tarde
E monta seu alazão alado e selvagem
Na procura liberta de algo abstrato...
Agreste ama, pequena senhora...
Quão fraca andorinha com ares de águia,
Flertando o peito de presas exatas
No meio da palha crocante e sozinha...
Agreste mulher... a força da fêmea
Tomou o peito nordestino do homem
E o galho seco assistiu o rebuliço
Da poeira que a menina agreste criou...